quinta-feira, 24 de março de 2016

Decepções e a vida

A intensidade de estímulos positivos que recebemos hoje é muito grande. A TV mostra pessoas ricas, bem sucedidas... na internet vemos postagem sempre de pessoas felizes, relacionamentos cheios de amor. Somos atingidos constantemente por esse bombardeio de situações lindas e de grandes conquistas. As crianças estão sendo criadas cada vez mais com os pais sempre dizendo que são especiais, são as MELHORES, são campeãs... muitos reforços positivos. O não é uma coisa rara, pais e avós enchem de presentes, comidas fora da hora, bagunçando toda uma rotina. Essas crianças estão se tornando “pequenos reis”. Mas a vida não é isso, não é mesmo? Ahhhh... quem dera a vida fosse isso, tudo dando certo, sempre conseguirmos nossos objetivos e nossos desejos realizados. Mas a verdade não é esta. Lamento informar... Vemos hoje cada vez mais pessoas com dificuldades de lidar com as frustrações e decepções da vida. Preferem sempre negar, fingir que não está vivendo aquilo, se iludir, criando um mundo muito diferente do real. Claro, manter-se na ilusão é muito mais confortável que enfrentar a realidade. É um mecanismo comum na nossa mente que “prefere” o menor esforço... manter-se na ilusão é mais fácil. EXIGE MUITO ESFORÇO MUDAR A SITUAÇÃO! No consultório são extremamente comuns situações desse tipo: • Uma mãe chega com uma criança, dizendo que não quer dormir em seu quarto, que não obedece e a desrespeita demais. Com a evolução dos encontros, verificamos que os limites na casa não existem, que tudo que essa criança quer é permitido; que estes pais (por dó) não a deixam enfrentar o medo de dormir sozinha. Esses pais não estão ensinando o enfrentamento das situações difíceis da vida (pode parecer simples, mas a mensagem ensinada para a vida é muito grande). Essa criança precisa aprender a enfrentar a situação, com os pais amparando e dando carinho e segurança para que ela consiga, e ai sim a parabenizando pela conquista. • Um estudante sempre é “empurrado” a passar de ano por seus pais, não enfrentando as notas baixas tiradas durante o ano, demonstrando sua falta de estudo. Esses pais chegam a utilizar-se até de recursos jurídicos para que ele passe constantemente. Dizendo que A ESCOLA não está fazendo seu papel. Nesta situação observamos que esses pais não ensinam que ele deve estudar para conseguir as notas, não buscam observar durante o ano o que está de errado em toda a situação (se é uma questão da escola ou de dificuldades desse aluno). Esses pais não conseguem perceber muitas vezes que seu filho não sabe estudar e fazendo ele “passar” sucessivamente estão ensinando que sempre tem um “jeitinho” de conseguir o que quer. Não ensinam que na vida seremos avaliados constantemente. • Um trabalhador deseja um salário melhor, e se sente rebaixado pelos seus líderes, não valorizado, “em toda empresa fazem isso comigo “, ele diz. Com o decorrer, percebemos que ele não estuda, não busca se especializar, não observa que não chega no horário constantemente e sempre reclama de diversas situações (mostrando-se um ‘Reclamador de plantão´). Enquanto ele não perceber que, se quer algo melhor, terá que mudar suas atitudes quanto ao entendimento do que são as relações de trabalho e a sua postura, buscar conhecimento e talvez até um novo emprego. Ficar sentado esperando que sua situação mude não vai adiantar não, pelo contrário. Cada vez mais estará desvalorizado no mercado de trabalho, com cada vez menos chances de um salário melhor. • Ao deparar um relacionamento conflituoso, a pessoa se coloca desesperadamente querendo um relacionamento que já acabou ou mesmo nunca existiu. Não consegue entender que ela se iludiu e que a pessoa tão desejada não é o que ela espera, as atitudes desse parceiro nunca corresponderão as suas expectativa. Não liberta-se da frustração de seus desejos não poderem ser realizados. Também encontramos situações desse tipo quando enfrentamos o diagnóstico de uma doença e mesmo um luto por alguém que amamos e se foi. A partir do momento que essas situações acontecem devemos aprender a lidar com essas decepções da vida. Precisamos estar atentos, e não nos vitimizar, fazendo o papel de coitadinhos como aquela criança que quer que “os pais” venham e resolvam tudo para ela. Devemos enfrentar a vida mudando nossas atitudes. A vida mudou diante da decepção. Você deve mudar suas atitudes frente a isso. Sem fazer esses enfrentamos, a pessoa (inclusive a criança) começa a tornar-se frustrada, reclamando de tudo, fazendo birra, se vitimizando. A felicidade tão desejada não será atingida. O que você quer para a sua vida? Tornar-se uma pessoa chata, amarga, com as pessoas cada vez estabelecendo relações mais superficiais com você ou enfrentar a dor da decepção e mudar seu modo de ver o mundo?

Esquizofrenia

Muito pouco é falado sobre a esquizofrenia. Debater sobre esse assunto esbarra em lembrar-se de toda uma trajetória de preconceito e violação dos direitos humanos das pessoas que sofrem de doenças mentais graves. Essa doença apresenta sintomas sérios, que são considerados por muitos como “assustadores” e até “demoníacos”. Por seus sintomas, pacientes acometidos por esses, eram durante a Idade Média, considerados sobrenaturais, onde eram realizadas de expulsões demoníacas, chegando até serem mortos (muitos chegaram a ser consideradas bruxas e queimadas em fogueiras). Somente muito mais tarde os cuidados humanitários começaram a ser fornecidos as pessoas acometidas desses males. Vale lembra que o médico psiquiatra Philippe Pinel, em 1972, ordenou que os pacientes de seu hospital fossem desacorrentados e que tivessem melhorias em seus alojamentos – a expressão estar “PINEL” originou-se dele para se referir a alguém que não esteja em plenas condições mentais. Ainda hoje lutamos muito contra os preconceitos e a melhoria no tratamento desses pacientes. Os sintomas da esquizofrenia podem estar relacionados a: • Alucinações: auditivas (ouvir vozes), visuais (ver coisas ou pessoas), somáticas (sentir “no corpo” dormência, queimaduras, dores), olfativas (sentir cheiros que não são reais); • Delírios: são idéias sobre situações ou pessoas que não são reais como estar sendo perseguido ou vigiado; • Processos de pensamento alterado: a pessoa não consegue manter uma linha de raciocínio, fugindo da idéia central, associações que não tem conexão; • Alterações de humor; • Alterações do comportamento motor; Esses sintomas tendem a aparecer com mais freqüência, no final adolescência e início da fase adulta. Quando é identificada essa patologia, inevitavelmente, se faz necessário o tratamento medicamentoso, o acompanhamento psicológico e atendimento com terapias ocupacionais. Existem diferentes intensidades dos sintomas que devem ser bem vistos. Com um tratamento adequado, aceitação e colaboração da família, onde esta tenha conhecimento da doença, seus sintomas e a orientação para como lidar com as situações enfrentadas, aquele que é acometido da esquizofrenia pode ter uma qualidade de vida muito boa. Trabalhar, namorar, casar... nada o impede se tratado de forma adequada (salvo casos extremamente severos). Porém um dos grandes problemas é justamente essa aceitação e entendimento, o preconceito relacionado a essa doença, faz com que o próprio paciente de recuse a aceitar que é acometido por ela e dificulta totalmente o tratamento, assim como a família que nega e não aceita a situação. Muitas vezes esse preconceito auxilia para que as crises não sejam controladas no início, chegando as situações onde se torna necessária a internação do mesmo, para a sua própria segurança assim como daqueles que estão próximos. Não podemos falar em cura, mas podemos sim ter controle dos sintomas. Essa pessoa e todos aqueles que estão em sua volta necessitam de muito carinho, compreensão e conhecimento sobre a situação. Se enfrentar algo do tipo, não esconda! Busque informação e tratamento, pois a qualidade de vida de todos envolvidos melhora muito com isso.

Traição

Quando perguntamos sobre traição a alguém, sempre obtemos respostas como: sou contra! Acho um absurdo! Não aceito! A traição é um evento que a maioria das pessoas se nega até a pensar sobre ele. Você trai? Você seria capaz de trair? Como reage a uma traição? Você sabe por as pessoas traem? Existem diferentes tipos de traição? Quais são os motivos que levam alguém a trair? Normalmente a traição associada às relações amorosas. Porém, ela está presente em todas as relações humanas: nas amizades, no trabalho. A traição é o ato ou efeito de trair, é a quebra de fidelidade prometida e empenhada, é infidelidade amorosa, é surpresa inesperada, uma emboscada, como o próprio dicionário Michaelis expõe. Existem diversos exemplos históricos e famosos de traições: • Judas Iscariotes: é considerado o exemplo de traição. Traiu Jesus, considerado filho de Deus. Era um dos grandes ao lado do Cristo e se vendeu por 30 moedas. • César: Imperador Romano que tinha em Brutus um grande aliado. Porém Brutus, ao lado de Cássius, planejou a morte de César. Em uma reunião, Cesar foi apunhalado e hoje esse fato é muito conhecido através da célebre frase reproduzida na obra de Shakespeare: “Até tu, Brutus?” • Silvério: considerado o traidor de Tiradentes. Em Minas Gerais (que ainda era capitania e tinha grande importância no Brasil pelo ouro), Tiradentes organizava junto com outros, um levante contra os altos “impostos” cobrados pela Coroa. Silvério delatou o plano que ocasionou o enforcamento de Tiradentes. • Príncipe Charles: Tinha um casamento de 15 anos com a princesa Diana. O relacionamento terminou devido a traição com Camilla Parker-Bowles que mantinham um relação extraconjugal por anos. • Brad Pitt: Traiu sua esposa Jeniffer Aniston com Angelina Jolie durante as gravações de um filme. Brad e Jeniffer se separam depois de 5 anos juntos devido esta traição. A traição sempre gera indignação, mas as pessoas não conseguem olhar para si mesmas e se questionar se seriam capazes de cometer tais atos ou saber se estão preparados para enfrenta-los. A traição envolve a quebra de confiança e pode ser motivada por diversas razões como: vingança, poder, curiosidade, autoafirmação, monotonia, dinheiro, entre muitas outras. Na verdade, o que sabemos é que QUEM TRAI É CULPADO POR ISSO e as razões podem ser as mais diversas. Trair envolve uma FALHA de caráter, um erro, e essas falhas estão relacionadas à consciência de cada um e são passíveis de perdão e entendimento que errou e buscar o desenvolvimento do seu caráter e o aprendizado com o acontecimento. Diferente das traições que envolvem FALTA de caráter. Isto é uma outra situação. A pessoa não deseja mudar, aprender com o erro, pois TRAIR É UM ERRO, TRAIR É uma falha de caráter. Essas pessoas possuem uma baixa consciência moral. Falhas são superáveis, mas as pessoas que tem FALTA de caráter certamente irão cometer ações que moralmente são questionáveis. A relação com pessoas desse tipo devem ser repensadas. Na Bíblia podemos encontrar uma citação: “Maldito o homem que confia no próprio homem”. Através dessa frase, podemos ter o entendimento de que homens (e mulheres) são passíveis de cometer traição e devemos saber lidar com essa realidade. O que faz “estarmos preparados” é saber que pessoas cometem falhas e que devemos avaliar nas nossas relações através dessas condições do comportamento moral constante de cada um. Esta é uma ação diminui a possibilidade de sermos traídos. Querer controlar o outro tudo o que envolve a relação não adianta. Pessoas que já tem histórico repetitivo de atitudes de FALTA DE PALAVRA, atitudes que envolvam traições, com essas pessoas devemos ter atenção. Ninguém possui “bola de cristal” para saber o futuro, mas devemos saber a “enxergar” melhor as pessoas que estão ao nosso lado. Eu realmente espero que um dia possamos ter mais pessoas com mais consciência moral e menos pessoas que pensem somente em seu benefício próprio a qualquer custo. Seja esse benefício o prazer sexual, financeiro ou de poder.